Reabilitação Vestibular
A Reabilitação Vestibular consiste num método de tratamento com diversos tipos de exercícios que visam tratar situações de tontura e/ou desequilíbrio, principalmente de causa vestibular, sejam periféricos (por exemplo por uma perda súbita da função vestibular) ou centrais (mais do foro neurológico, mas também as situações de sensibilidade aumentada ao movimento, como o enjoo durante as deslocações de carro ou após períodos de menor atividade), embora também possa ser útil para outro tipo de situações, nomeadamente nas quedas dos idosos. Tem como principal objetivo promover a adaptação do reflexo vestíbulo ocular (RVO), permitindo a estabilização da imagem durante o movimento da cabeça. Pretende-se com isto, se possível, minimizar as queixas de tontura, náusea e/ou desiquilíbrio, com o intuito de maximizar a independência funcional, a segurança, autonomia e qualidade de vida do doente.
- Lesão vestibular uni ou bilateral
- Enxaqueca vestibular
- Sensibilidade aumentada ao movimento da cabeça ou do meio ambiente, incluindo a cinetose (enjoo de movimento)
- Plano de prevenção de quedas
Na Reabilitação Vestibular cada doente é avaliado previamente em consulta de Vertigem, onde é realizado o diagnóstico adequado e imprescindível para o início e condução do programa de tratamento, e definidas as estratégias de intervenção (exercícios), que têm como objetivo minimizar as queixas e dificuldades nas atividades do dia-a-dia do doente. No final de cada programa, que pode ter um número de sessões variável dependendo da sua evolução, o doente regressa à consulta de Vertigem onde é reavaliado o seu estado clínico.
- Quando a causa é fundamentalmente vestibular realizamos exercícios em cadeira rotatória;
- Quando há compromisso proprioceptivo e instabilidade devem ser introduzidos exercícios para corrigir essas alterações na plataforma dinâmica;
- Quando há um predomínio do compromisso visual são realizadas estimulações optocinéticas (exercícios com estímulo visual discordante/móvel);
Programa de Prevenção de Quedas
O aumento da população idosa, e consequentemente das quedas e suas complicações, tem agravado as implicações sócio-económicas e a necessidade de intervenção na área da geriatria.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de indivíduos com mais de 65 anos vai duplicar nas próximas cinco décadas, o que levará a que as doenças associadas ao envelhecimento assumam proporções importantes.
Perante a conjugação das múltiplas alterações decorrentes do envelhecimento, a possibilidade de uma queda torna-se inevitável, instalando-se medo de cair logo após a primeira queda ou "quase-queda".
As quedas são uma das causas predominantes de mortalidade e morbilidade do idoso. As suas consequências vão desde lesões mínimas a patologias graves, que provocam drástica diminuição da funcionalidade, independência e qualidade de vida, e conduzem, por vezes, à morte.
Quedas todos os anos
Mais de um terço dos indivíduos com mais de 65 anos caem todos os anos, e, em metade destes casos, as quedas são recorrentes. Aproximadamente, uma em cada 10 quedas causam lesões graves, nomeadamente fraturas do colo do fémur e de Colles, e hematomas subdurais. As quedas perfazem cerca de 10 por cento das entradas nas urgências hospitalares.
Como fatores intrínsecos das quedas (inerentes ao próprio idoso) indicam-se patologias artríticas, síndromas depressivos, hipotensão postural, alterações cognitivas, visuais, do equilíbrio, da marcha e da força muscular, tonturas/vertigens, síncopes e polimedicação (a relação entre as quedas e a administração de múltiplos fármacos, pelo menos 4, é cada vez mais evidente, salientando-se que muitos deles atuam ao nível dos centros de integração sensorial e do controlo motor, exacerbando os défices fisiológicos já existentes).
Dos fatores de risco extrínsecos das quedas (que respeita ao meio ambiente) salienta-se a fraca ou má iluminação da casa (especialmente no período noturno, entre o quarto e a casa de banho), superfícies irregulares ou escorregadias, tapetes soltos, escadas íngremes ou irregulares, objetos no caminho, vestuário e calçado inadequado, móveis inadequados, inexistência de corrimão, especialmente na banheira.
A necessidade de evitar quedas em idosos predispostos ou com história de quedas repetidas conduziu ao desenvolvimento de Programas de Prevenção de Quedas no âmbito da Reabilitação Vestibular.
Antes de iniciar o Programa de Prevenção de Quedas, o doente é submetido a consulta médica, onde é avaliado/identificado o défice multissensorial e consequente ingresso no programa. São identificados os fatores intrínsecos do risco de queda e pedidos os necessários exames complementares de diagnóstico. Caso se justifique, o doente é encaminhado para outras especialidades médicas.
O fisioterapeuta deverá identificar e orientar o doente e familiar/prestador de cuidados na minimização/eliminação dos fatores extrínsecos de risco de queda, como as condições e características da casa do doente. O Programa de Prevenção de Quedas tem como objetivos gerais:
Desenvolver e aperfeiçoar as estratégias de equilíbrio, tornando-as mais adequadas e eficazes;
Aumentar os limites de estabilidade;
Minimizar e se possível eliminar os riscos de queda;
Reduzir ou, se possível, eliminar o medo de cair;
Incentivar a atividade e o dia-a-dia habitual;
Aperfeiçoar a segurança, autonomia e independência do idoso e, deste modo, melhorar a sua qualidade de vida;
Aumentar a segurança no lar, para que o idoso lá possa permanecer.
O plano de intervenção no âmbito da prevenção inclui exercícios com graus de dificuldade crescente dirigidos aos défices e dificuldades individuais do geronte, de acordo com a evolução das suas capacidades.
É prioritário o idoso continuar a viver no seu meio habitual, realizar as suas atividades de vida diária de modo independente mas com a máxima segurança, o que justifica a necessidade de identificação e eliminação de riscos extrínsecos de queda do lar, e não descurar os benefícios da atividade física.